A Caminho do Céu me deixou sem palavras e não costumo ficar sem ter o que dizer e você pode acreditar. Mas, quando terminei a série? Era como se eu tivesse desaprendido o português e não conseguia achar palavras em nosso idioma ou em outro qualquer que eu saiba arranhar.

Mas, vou tentar colocar nestas linhas o que senti ao longo dos 10 episódios e o que eles juntos ou separados me causaram. No entanto, para darmos o ponta pé inicial, eu vou começar pela sinopse:

Hong Seung-hee, Lee Je-hoon, Tang Joon-sang e Ji Jin-hee – Reprodução Netflix

“A Caminho do Céu gira em torno de Geu Ru (Tang Joon-Sang), um jovem está dentro do espectro autista e que, após a morte de seu pai, conhece seu tio Sang Gu (Je-Hoon Lee), um ex-criminoso que ele nunca tinha visto antes. Agora guardião legal do sobrinho, Sang Gu assume o controle de uma empresa conhecida como Move To Heaven, que costumava ser administrada por seu falecido irmão.

Ambos em luto, Geu Ru e Sang Gu passam a trabalhar juntos como “limpadores de traumas”, isto é, organizam os itens deixados por pessoas que não estão mais neste mundo. Agora, tio e sobrinho descobrem histórias não contadas associadas aos mortos e seus familiares, compartilhando não só emoções, como também as memórias que guardam de seu ente querido. Aos poucos, eles vão compreender o real significado das noções de vida, morte e espírito de família”.

Se a sinopse já desperta uma leve emoção, você precisa vivenciar a experiência que é assistir a esta série. Começando pelas atuações, eu conheci o ator Je-Hoon Lee no filme de ação recém lançando pela Netflix “Tempo de Caça” e não consegui tirar os olhos da tela quando o ator estava em cena, não por sua beleza (que é um Plus), mas por seu talento.

Sang Gu (Je-Hoon Lee) – Reprodução Netflix

Filmes de ação geralmente focam no tiro, na porrada e na bomba, mas, em “Tempo de Caça”, nós temos Je-Hoon e foi ele quem me levou a iniciar a série, além da boa e velha dica da amiga Julia Guimarães (sim, ela de novo. Aquela da Terça da Música). E ele não decepciona, Je-Hoon tem um poder em cena que é incrível, ele consegue fazer você ama-lo e odiá-lo com a mesma intensidade e não comete pecados em cena, somente desperta alguns em quem assiste.

Tang Joon-Sang é novato para mim, mas ele entrega um jovem doce e carismático com quem você cria laços e sendo Geu Ru, ele é ótimo. O ator me fez criar memórias afetivas que deu a ele cadeira cativa ao lado de outros personagens que vivem dentro do espectro autista, como os famosos  Dr. Shawn Murphy (The Good Doctor) e Sam (Atypical).

Seung-Hee Hong e Tang Joon-sang – Reprodução Netflix

A atriz Seung-Hee Hong, assim como em Navillera, está bacana. Uma pena que atrizes com talento sejam usadas para alivio cômico ou como ajudantes cômicas dos personagens principais, tá aqui o único ponto baixo da série. Inclusive, no decorrer da temporada, Yoo Na-mu, sua personagem, me lembrou muito Kang Ha-ram (Go-Ara) em Black, que de foco central foi resumida a interesse amoroso do ator Song Seung-Heon.

Mas, enfim, isso é uma conversa para outro momento. A história tem como tema central a construção e o desenvolvimento do relacionamento entre os personagens Geu Ru e Sang Gu, que unidos pelas adversidades da vida se vêm obrigados a conviver.

Lee Je-hoon e Tang Joon-sang em cena – Reprodução Netflix

O ponto alto da trama é o cenário em que esse relacionamento se constrói. Em cada episódio, tio e sobrinho atendem chamadas para “limpar os traumas” daqueles que ficaram e organizar a vida daqueles que se foram, “Sua última mudança” é o que diz Geu Ru e seu pai antes de iniciarem o trabalho.

E quando eles dizem “limpadores de traumas” é exatamente isso do que se trata, a causa de cada morte desencadeia uma conversa e abre espaço de entendimento sobre assuntos tidos como tabu: violência contra a mulher, bebes coreanos que são adotados por estrangeiros e seus futuros incertos, Homossexualidade, suicídio na velhice, más condições de trabalho, abandono e por ai vai…

E a forma como Geu Ru e Sang Gu lidam com as situações nos ajudam a entender até mesmo nossas opiniões sobre determinados assuntos e principalmente pensarmos se aquilo que “achamos” é o correto. A Caminho do Céu, episódio por episódio, faz você repensar e analisar seus próprios conceitos e pré conceitos.

E a cada pouco mais 45 minutos (duração de cada episódio) nossas emoções vão aflorando e, às vezes, você emenda as emoções e o choro e pula de uma história a outra aos soluços.

Reprodução Netflix

A Caminho do Céu foi tão bem escrita e desenvolvida que ela não explora esses assuntos com a finalidade de causar, pelo contrário, ela mostra que pessoas depois de mortas merecem dignidade, apesar de que ninguém morre com ela, como já dizia Dr. House.

Porém, ela prova que devemos as essas pessoas no mínimo respeito, já que elas não estão aqui para contar suas histórias, seus medos, seus pontos altos e baixos ou quem eram.

A Caminho do Céu faz jus ao seu título e uma frase que amo e descreve exatamente o que ela é, é essa: “A série não peca nem por excesso e muito menos por omissão, ela é simplesmente perfeita”, Tinoco, Ana Paula em algum momento da vida.

Reprodução Internet

 

Por Ana Paula Tinoco