Não é novidade que Hollywood é a maior fábrica de filmes do mundo, isso é um fato e está consolidado assim como 2+2 são 4. No entanto, na mesma proporção que cria Hollywood também cópia e chama essas cópias de “remakes” e a fonte mais usada pelos grandes estúdios fica na Ásia Oriental.

Um exemplo recente foi o filme “Parasita”, que não apenas ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro como também levou a de melhor filme (o maior prêmio da noite), desbancando títulos norte-americanos como “O Irlandês”, de Martin Scorsese.

Diante do sucesso, eles não satisfeitos em “americanizar” o título do filme, não era raro pessoas pronunciando “parasite”, anunciaram que Hollywood faria um “remake” do filme sul-coreano.

A HBO anunciou no dia 21 de abril que uma série baseada no longa metragem estava em desenvolvimento, mas que não seria uma adaptação ou remake e, sim, “uma série original”.

“Está no mesmo universo que o filme, mas é uma história original que acontece nesse mesmo mundo”, disse o escritor Adam McKay, em entrevista ao podcast Happy Sad Confused, de Josh Horowitz. Como já dizia o saudoso Chacrinha: “Na televisão nada se cria, tudo se copia” e o cinema vem mostrando que essa afirmação engloba a sétima arte.

Sem mais enrolação, aqui vai uma lista de cinco filmes de sucesso que foram criados na Ásia Oriental e americanizados por Hollywood. Entre um e outro pode vir a surpresa, mas fato é que em raras exceções a cópia é tão boa quanto o original.

Medo (Coreia do Sul)

Após serem passarem um tempo como pacientes em um hospital psiquiátrico, duas irmãs retornam para o seu lar, uma casa comandada pelo pai e pela madrasta, uma mulher cruel e obsessiva que abala ainda mais a psique das meninas. Além disso, um fantasma ronda a casa: as lembranças das tragédias que aconteceram à família.

O filme, que é de 2003, ganhou uma versão norte-americana sob a alcunha de “The Uninvited”, em português “O mistério das Duas Irmãs”. O longa não chega a ser ruim, no entanto não é nada extraordinário, bem previsível, ele perde a essência dos filmes coreanos do gênero, que é a pressão psicológica, e vende um suspense barato.

Nota do remake:

Ringu (Japão)

Parece mais uma lenda urbana: um vídeo com imagens apavorantes, que leva a um telefonema prevendo a morte de quem o assiste. Uma repórter não acredita até assistir ao vídeo. Agora ela precisa desvendar o mistério antes que o seu tempo acabe.

Em 2002, Ringu ganhou um remake norte-americano sob a alcunha de “The Ring”, quem em português conhecemos por “O Chamado”. Talvez este seja um dos mais problemáticos, as únicas coisas que a versão americana manteve do original foi existe uma fita, um telefonema e a morte em sete dias.

Não apenas as motivações da personagem principal foram alteradas como o conteúdo da fita também. Aquele suspense gostoso e a angustia de não saber o que acontecerá no próximo frame são perdidos em sequencias de ação, sons bizarros e cortes rápidos para forçarem o medo.

No entanto, para mim o pior foi a mudança na origem de “Samara”, não bastando, eles ainda jogam uma vilã humanizada, banhada em efeitos especiais que no final das contas consegue apenas um “meh”.

Nota do remake:

Ju-on (Japão)

No Japão, dois fantasmas vingativos atormentam e matam qualquer um que entre na casa onde eles morreram: Kakayo, uma mulher assassinada pelo marido, e seu filho pequeno, Toshio.

Em 2004, foi a vez de Ju-on ganhar sua versão americanizada, intitulado o “The Grudge” e conhecido em terrar tupiniquins por “O Grito”, ele talvez seja o que menos sofreu já que a versão norte americana foi também dirigida pelo diretor do original, Takashi Shimizu.

No entanto, a receita norte-americana de fazer terror foi incorporada no longa, giros rápidos de câmera, efeitos especiais bizarros, efeitos sonoros e trilha sinistra. O remake, assim como “O Mistério das Duas Irmãs”, não é ruim, mas não precisava existir.

Nota do remake:

Kairo (Japão)

Jovens japoneses investigam uma série de suicídios ligados a uma página de internet que promete aos visitantes a chance de se conectar com os mortos.

Em 2006, o filme ganhou seu remake norte-americano, “Pulse”. Só tenho algo a dizer: Wes Craven gastou tudo o que tinha com as séries de filmes “A Hora do Pesadelo” e “Pânico”, que nem com um filme pronto ele conseguiu fazer algo razoável.

Nota do remake: Dó!

Shutter (Tailândia)

Depois de atropelar uma jovem, Jane e seu namorado fotógrafo começam a ver uma figura sombria em suas fotos. Preocupada, Jane pesquisa o nome da jovem, descobre que ela é uma ex-colega de Tun e desvenda um segredo chocante.

Este é o filme que mais me deu tristeza aos ser “americanizado” e foi em 2008 que “Imagens do Além” ganhou as telas. E assim como “O Chamado” e “Pulse” o filme peca em todos os sentidos por sua existência, eu não sei colocar em palavras o que senti quando assisti, mas vou tentar, o filme abusa tanto de efeitos especiais, câmeras rápidas e efeitos sonoros, que o plot twist (e diga-se de passagem que plot twist) não chega a ser nada. É como se você pedisse uma pizza de calabresa e quando finalmente ela chega, há apenas uma misera rodela do processado em cima de uma massa fina e um recheio escasso.

*Nota do remake:

*Porque sou fã do Joshua Jackson

A exceção: Il Mare (Coreia do Sul)

Eun-joo, ao mudar-se da casa conhecida como ‘Il Mare’, deixa um cartão de natal para o eventual novo morador, em 1999. Neste cartão ela pede para que este novo proprietário envie para a sua nova casa a correspondência recebida em seu nome. Em 1997, Sung-hyun, o primeiro proprietário de ‘Il Mare’, encontra o cartão de natal de Eun-joo. Pensando ser uma piada, Sung-hyun envia-lhe uma carta lembrando-a que estão em 1997 e não em 1999. Percebem então que estão separados por dois anos no tempo, mas que podem se comunicar através da caixa de correio.

Tenho quatro palavras para descrever o porquê de “A Casa do Lago” (Lake House) ser a exceção: Keanu Reeves e Sandra Bullock. Brincadeiras a parte, o filme foi lançando em 2006 e marcou a volta do ator e atriz à grande tela em um projeto em conjunto, a história sofreu algumas alterações, mas o final do produto assim como o original é perfeito. E tá ai, o filme que vale cada frame em seu original ou em sua cópia perfeita.

Nota do remake:

Já adianto que os originais são bem superiores aos remakes, com exceção de A Casa do Lago que vale cada frame que passa diante dos nossos olhos. Assista os originais e nos conte o que achou e qual o seu preferido!

 

Por Ana Paula Tinoco